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sábado, 4 de setembro de 2010

Reflexões de um liquidificador


André Klotzel, o diretor, já havia chamado minha atenção com memórias póstumas de Brás Cubas em película, quando vi que ele estaria na direção desse roteiro insólito, esperei na primeira fila e não foi uma espera em vão. O filme, narrado deliciosamente por Selton Melo como o liquidificador do título, conta a história de um casal de idosos que perdem sua lanchonete e são obrigados a procurar outras formas de renda. Com essa mudança que o liquidificador começa a narrar suas novas descobertas e visão nova do mundo e das coisas, e reflete sobre sua existência em comparação com a nossa. Óbviamente aí existe uma influência do grande Machado de Assis novamente, com sua fina ironia sobre elocubrações sobre nossa vida, uma outra influência clara é ao "mestre do suspense" quando mostra a protagonista com o hobby não muito comum de empalhar animais. O filme tem um ritmo descompassado e uma edição descontruída que nos leva a apenas momentos específicos na vida desses personages sem nos dar todas as respostas do que poderia vir a acontecer. O filme é um misto de comédia, com alguns comentários de Selton ... digo ... o liquidificador, e suspense com uma medida diferente até a beira do horror "gore" quase que deixando o filme inclassificável. É uma grata experiência em meio a mesmice do nosso cinema eixo fome/violência/comédia/favela, com um tema não muito utilizado no nosso cinema, por ter tão boas influências que André Klotzel vem dando identidade a seu cinema, identidade essa que quero ver se desenvolver ainda mais, aguardo ansioso pelo seu próximo trabalho, só espero que não demore mais 9 anos.