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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Além da vida (Atenção Spoilers)

            Sou Ateu, antes de qualquer coisa preciso dizer isso, não creio no deus pintado por quaisquer religiões e acho que o papel delas tem feito muito mais mla do que bem à sociedade no decorrer da história da humanidade. Dito isso vou falar sobre Além da vida com a imensa surpresa que tive, pois não preciso ser religioso para me arrepiar com "Jesus alegria dos homens" de Bach ou para admirar com O evangelho segundo São Mateus de Pasolini, pois bem fui ao filme pelo imenso respeito que tenho nutrido pelo octagenário Clint que nos oferece uma obra melhor que a outra desde Sobre meninos e lobos (no original mistic river).
            Nesse novo exemplar Clint nos brinda com um inicio avassalador, o Tsunami que matou mais de 800 mil pessoas, e que quase matou outras tantas entre essas está Marie (Cecile de France) que ao ficar submersa tem uma visão que poderia ser uma alucinação ou uma visão de quase morte, não importa qual das duas pois isso muda totalmente a vida e maneira de pensar de Cecile que parte em busca de respostas, da França para a Inglaterra conhecemos Marcus e Jason (George e Frankie Mcllaren que ao contrario dos gêmeos de a Rede social são realmente gêmeos) irmão gêmeos realmente conectados e amigos que fazem de tudo para livrar a mãe das drogas e dos assistentes sociais, mas um acidente de carro rompe esse link com a morte de Jason, Marcus personifica seu irmão de maneira singela ao usar o boné do irmão em todo canto Marcus busca respostas em todas as religiões para o que ocorreu com seu irmão e pra onde ele possa ter ido sem achar nada satisfatório.
           Então somos apresentados a George (Matt Damon) um ex-vidente que mostra genuinamente ter poderes extrasensoriais ao conversar com pessoas num possível além, contudo George cansou-se de usar seu poder por considerá-lo uma maldição, em uma cena em particular ele faz uma sessão com Melanie (Bryce D Howard) a contragosto por estar gostando desta e diz que saber demais de uma pessoa pode afugentá-la e é exatamente o que acontece nos elucidando o que ele quis dizer ao referir-se como maldição a um dom tão poderoso.
           No caminho do filme os três personagens se cruzam de maneira suave e sem forçar a barra já que dois estão em busca de respostas sobre a morte e um por conhecer a morte busca relacionamentos com os vivos, numa construção belíssima, há momentos extremamente poéticos e o que me fez desabar é quando George cede ao pedido de Marcus em contatar seu irmão e quando o faz me senti personificado em Marcus (sem trocadilhos), pois ao acompanhar a sofrida historia desse garoto e as respostas que buscava quando este encontra e pede para que o irmão não se vá novamente me emocionou como Frank T.J. ( o personagem de Tom Cruise) pedindo que seu pai não morresse no magnífico Magnólia. O que Clint consegue comigo é me fazer mergulhar nas histórias contadas por ele e viver o drama de seus personagens assim como chorei copiosamente ao assistir Menina de ouro, e conseguir isso já é um feito e tanto mas muito particular que pode não afetar a qualquer um como a mim. Me fez redimensionar a ideia da perda e da dor provocada por ela, e digo isso com um fato real de um de meus melhores amigos que me questionou sobre o além vida e eu disse que tal coisa não existe, contudo o ângulo de visão dele é o da perda de uma mãe e o meu o de um cético que não perdeu sua mãe ainda, posso não aceitar essa visão dele como verdadeira, mas hoje, ao contrário do que eu disse a ele antes, compreendo por que ele crê nesse além vida, pois é um suporte para seguir em frente sabendo que a história de sua amada mãe não tenha acabado com a morte do corpo físico e ter esse compreensão assistindo a um filme é monumental.
              Ao fim do filme George marca um encontro com Marie e ao encontrá-la tem uma visão futura do primeiro beijo deles, quando vai cumprimentar a moça com um aperto de mão não tem nenhum link com o mundo espiritual como acontecia com o restante das pessoas, assim como Sookie que não lê os pensamentos de seu amado Bill sendo ele então único para ela na série True blood. Tudo isso acontece de maneira soberbamente simples e com um apuro visual belo e poderoso que somente os grandes cineastas são capazes de proporcionar.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças. (Atenção Spoilers)

           Revi esse fim de semana um filme mágico em sua essência mas que trabalha com uma lógica extremamente real sobre os relacionamentos, esse "brilho eterno" é uma das muitas obras do genial roteirista Charlie Kaufman, em parceria de um de seus amigos o diretor de videoclipes Michel Gondry que revesa os trabalhos de direção de outros roteiros do roteirista com o outro amigo de Kaufman, Spike jonze.
           Neste projeto ele subverte uma história de amor para nos mostrar uma beleza de metáfora, a de que por mais que tentemos esquecer alguém que amamos em algum momento, ela permanece em nós por mais que não queiramos. No elenco está Jim Carrey como Joel, em seu mais introvertido papel que personifica uma personagem extremamente tímida e carente que acaba conhecendo Clementine interpretada pela sempre ótima Kate Winslet, como uma moça muito impulsiva, como se ilustra a ideia dela nunca manter uma cor no cabelo, eles se conhecem na praia e começam a conversar e começam o namoro, com um salto na historia somente compreendido na ultima parte do filme vemos Joel já em estado de melancolia pela separação e qual não é sua surpresa quando descobre que Clementine resolveu fazer um procedimento médico para apagar Joel de sua memória, por vingança Joel dá o troco na mesma moeda, porem quando se inicia o processo de lobotomia nos vemos na cabeça de Joel e vemos as memória com Clementine retroagindo e sendo apagadas mas Joel cai em si e começa a sabotar seu próprio inconsciente tentando fugir com a memória de sua amada.
         Nesse meio tempo temos o prazer de conhecer os outros personagens apresentado pela história como a doce Mary apaixonada pelo médico chefe das lobotomias Howard (Tom Wilkinson) que já fez uma lobotomia nela por um caso que tiveram, contudo o amor sentido por ela se mostra mais forte que o procedimento e ela se apaixona novamente por ele, assim como acontece com Joel e Clementine, pois no inicio do filme vemos um novo encontro do casal, já que conhecemos na cabeça do Joel a primeira vez que eles se conhecem, e é diferente do inicio do filme denunciando que eles mesmo não se conhecendo se amam, e me faz lembrar parte da letra do Legião Urbana "a saudade que eu sinto de tudo que ainda não vi" nos mostrando uma rima visual extremamente bela e inesquecível



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

REDE SOCIAL

David Fincher é um dos grandes diretores americanos em atividade, embora tenha feito o insosso "O curioso caso de Banjamin Button" fez dois de meus filmes predilétos "Clube da luta" e o genial "Zodíaco" percebe-se um certo minimalismo histórico no seu novo trabalho que relembra o a investigação do assassino do zodíaco. O filme se inicia com uma cena espetacular num bar que Mark Zurckerberg (Jesse Eisenberg) conversa com sua namorada, ou ao menos tenta, já que o fluxo de consciência e a rapidez de raciocínio do protagonista é tamanha que este mistura três assuntos com uma velocidade extenuante que faz com que sua namorada desista, pois além de humilhada pelas palavras cruéis de Mark não consegue processar a maioria das informações com a mesma rapidez com a qual ele as diz; Assim sendo nos é apresentado um dos jovens mais bem sucedidos da história, hoje bilionário, criador do facebook, uma persona extremamente racional, com intelécto avançadíssimo mas que beira o autismo social por não compreender as nuances comportamentais ao ponto de magoar pessoas com um pequeno punhado de palavras. O filme nos apresenta Mark já na faculdade de Harvard aonde desenvolve primeiramente um site que faz a comparação de fotos das estudantes e os internautas votam qual de duas é a mais bonita, num exercício preconceituoso. O site teve milhares de acessos em poucas horas e chamou a atenção de dois prestigiados estudantes,irmão gêmeos, de lá, que o convidam para desenvolver uma rede social restrita com os dados sociais dos seus estudantes, ele aceita o trabalho mas começa a desenvolver sua própria rede social com os contatos fornecidos pelos irmãos, com a ajuda de seu amigo Eduardo Saverin, brasileiro, (Andrew Garfield o novo homem aranha) eles projetam e desenvolvem a rede social com o nome de The Facebook, com o lançamento os usuários começam a usar e os irmãos ficam sabendo e tentam de todas as formas contatá-lo, enquanto isso Mark vai para California instala um escritório lá com a ajuda de Sean Parker (Timberlake)também criador do Napster, e começam a divulgação em massa através das dezenas de outras universidades, com isso o facebook se torna uma febre e os irmãos processam Mark por plágio. Entre as muitas desavenças criadas por causa da montanha de dinheiro que se tornou o Facebook o filme gira em torno de dois julgamentos desses processos. Uma grande qualidade também reside no ótimo roteiro com diálogos primorosos e câmera sempre precisa de Fincher que numa das cenas mostra os nerds horas e horas em casa programando e o pessoal de várias fraternidades se embriagando e participando de orgias juvenis num contraste magnífico. Mas na verdade o filme explora ou tenta explorar a figura de Mark que com suas manias de grandezas, genialidade e traições arquitetadas nos dá um personagem complexo que deixa em seu rastro uma fantástica ìronia, o fato do criador da maior rede social do mundo ser uma pessoa terrívelmente solitária.

MEGAMENTE


A Dreamworks já havia me surpreendido com o divertido "Como treinar o seu dragão" e agora repete a surpresa com esse Megamente. Primeiro por seu protagonista ser voz do excêntrico divertido Will Ferrel, que devia fazer mais dramas também, visto "Mais estranho que a ficcão", nessa animação ele é o estereótipo do vilão de quadrinhos com suas entradas fantásticas e planos maquiavélicos, que tem por motivação destruir a cidade protegida pelo superherói, nesse caso o Metroman, cópia canastra do Superman dublada divertidamente por Brad Pitt, o grande problema do nosso antiherói é que ele logra êxito em sua empreitada conseguindo exterminar o herói e tomando conta da cidade, isso o deixa eufórico no início contudo o faz refletir existêncialmente sobre seu papel agora que seu algoz não mais existe a imprimir o conflito, com isso ele decide criar um novo super para que possa voltar a combatê-lo, fazendo uma miscelânea de Frankestein, Piada mortal e o Magneto dos Xmen que nos diverte principalmente pelas gags do protagonista que é um alienigena como o Metroman mas que ao chegarem aqui tiveram familias, criações e educações completamente díspares, e megamente sendo pereptoriamente excluído do convívio das pessoas por ser diferente desde a a infancia não vê saída que não ser um marginal como a margem do rio que nunca entra no fluxo desse. Pois megamente não só se misturou nesse leito do rio como o purificou assim como no maravilhoso Ratatouille e seu excluído Remy que parecia representar a escória da sociedade somente pelo fato de ser taxado como tal mas que guardava em si um talento sem igual que quando pôde ser mostrado foi aplaudido de pé por aqueles que uma vez o amaldiçoaram. Eles só precisaram de uma oportunidade.  

SCOTT PILGRIM VS O MUNDO

Edgar Writgh sempre teve minha atenção por suas produções, seja pela hilária série "Spaced" quanto por seus dois filmes, Shawn of the dead, já comentado nesse blog, e o também ótimo Hot fuzz, principalmente por sua vivacidade na camera pós-moderna e seus cortes super rápidos tratando de assuntos recorrentes nas rodas de nerds, como herois de ação, juventude e comédia, tudo muito bem arquitetado pelo ágil roteiro e tiradas visuais geniais. Então quem melhor para dirigir a maior fábula pós moderna dos quadrinhos que não o próprio? Com isso temos um dos melhores filmes desse ano e digo isso de longe, juntamente com A origem e Rede social, A historia gira em torno de Scott um rapaz com seus 22 anos sem muito rumo ainda naquela idade complexa de saída da adolescência chegando a maturidade, que tem uma banda de garagem no gelado Canadá e que começa a namorar uma adolescente de 16 anos mas que depois esquece ao se apaixonar por uma garota chamada Ramona Flowers, o romance começa e tudo anda bem até que ele é desafiado para uma luta pelo primeiro ex-namorado do mal de Ramona que faz parte da liga de ex-namorados de Ramona Flowers como eles mesmos se intitulam, a partir daí o filmes despenca num caldirão sem fim de alusões ou homenagens descaradas a videogames, desenhos e séries de Tv que permearam meu imaginário e continuam a fazê-lo até hoje. Referências muito bem concatenadas com a eletrizante direção de Wright com tiradas geniais e movimentos de câmeras ja usados em seus outros dois filmes, mas aqui sua inventividade e dinâmica elevam-se brilhantemente. Suas cores vibrantes, lutas fantásticas e humor delicioso são a mais perfeita tradução da geração internet, feito de extremo êxito e complexidade orquestrado por um dos mais criativos artistas ingleses da atualidade até pela escolha de Michael Cera como Scott que tem o semblante perdido e plugado dessa nossa juventude melancólica que busca, mas não muito, por um objetivo, e quer maior objetivo que o amor? Nem que você tenha de passar por diversas fazes e chefões para que você consiga a princesa no final. Simplesmente fabuloso.  

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O melhor e o pior de 2010 Atenção! Spoilers!!!

A origem             X                 Os mercenários


















O dualismo as vezes me persegue, em uma dessas ocasiões ocorre como o momento de transe criativo que Christopher Nolan vem passando e essa irritante mania de Hollywood de reviver os anos 80 e tudo que funcionou na época ( e que eles acreditam que funcionará 3 décadas depois). 
Pela imensidão que é Hollywood e pelo número absurdo de filmes que são produzidos por ano vemos apenas uma parcela dessa produção, parcela essa que eles escolhem a dedo visando os resultados futuros na  bilheteria, e é impressionante como os dois exemplos que tratarei aqui atingiram seus objetivos mercadológicos, mas com resultados qualitativos gritantemente diferentes. O melhor é falar do pior? Bem, vamos lá! Um dos caras que começou com essa retomada nojenta dos filmes de sucesso oitentistas foi o não menos asqueroso e inápto Michael Bay e sua produtora que começou com remakes de filmes de terror dessa fatídica década; De lá pra cá nada melhorou e o que é pior eles (os produtores sanguessugas americanos) vêem lucro nisso e insistem em misturar os roteiros batidos com tecnologias ou assuntos contemporâneos, achando que assim farão um bem a nós. E se isso não fosse o bastante Stalone ( que poderia muito bem ter saído desses filmes de horror rsrsrs) se vê no direito de reivindicar seu espaço nisso, primeiro cometendo Rambo 4, e logo depois essa monstruosidade chamada no Brasil de Os mercenários. O filme sequer tem um fiapo de história, o grande barato mesmo é Stallone recrutar um monte de atores decadentes, velhos e sem nada para fazer (tiro dessa lista Stathan e Rourke que toparam o filme mais por amizade e grana do que necessariamente o teor artístico do projeto, que foi rejeitado por Van Damme, aliás assistam JCVD é um filme curioso) para uma festinha filmada e para gastar alguns milhões num país "exótico" posando de machões poderosos transpirando testosterona, o problema é que o resultado é risível para não dizer patético. A ideia centra-se nesse grupo de mercenários que fazem serviços para governos para exterminar vilas, derrubar ditadores, se meter com o negócio dos outros e coisas assim que os EUA estão cansados de fazer, que vem até o Brasil... ops ...digo... uma ilha chamada Vilena, lá encontram um lugar governado por um ditador sanguinário financiado pelos EUA cuja filha é uma revolucionária que não aceita as ideias do pai no poder (cliché pouco é bobagem) e eu não continuarei a falar das falhas do roteiro pois vou escrever um montão sobre "A origem" ainda, o propósito principal do filme é atrair a galera que gosta dos filmes descerebrados que injetam ação até o último frame da película, pois bem, ele não consegue. Primeiro por que os efeitos especiais são tão ruins que senti vergonha alheia, principalmente das facadas e explosões. Segundo, dê papeis corretos às histórias de seus intérpretes, exemplo, Qual a lógica de ter Jet li no elenco apenas como alivio cômico e quando este participa de uma cena de ação você dá uma arma na mão dele? Terceiro, normalmente os personagens se mostram anabolizados e furiosos, aqui também, porém essas figuras outrora símbolos de virilidade hoje lembram muito senhores que jogam bocha ou dominó nos clubes e associações. O que me admira é que Stalone se presta a produzir (leia cometer) obras de tão depreciativo valor, visto que fez obras com cunho artístico muito mais esmerado outrora. É melhor não me prolongar mais já que tenho mais a ganhar ao detalhar um filme que aguça as sensações e o cérebro na mesma proporção e provocam deleite.
A origem vem como o grande blockbuster do ano, juntamente com Harry Potter, mas com alguns pontos cruciais de diferença, o primeiro deles está em seus criadores JK rowling não tem um décimo da inteligência e talento de Chris Nolan para criar personagens e enredos intrincados o suficiente para exigir do leitor ou espectador uma análise mais elaborada, segundo Harry perde muito de poder narrativo quando passado para o cinema, terceiro as criações de Nolan são extremamente genuinas e sempre inovadoras em contrapartida Rowling escreve muito mal e bebe de fontes já batidas (Senhor dos aneis).
O filme trata de um mote complexo que tende a mais desestruturação para que você consiga uma leitura inteligível, narra a história de Cobb (Di Caprio ótimo) um homem atormentado tanto pela perda de sua esposa (Cotilard) quanto a falta de seus filhos posto que ele está em exílio e não pode vê-los, sendo assim a única maneira de reencontrá-los é fazendo um trabalho creditado como impossível por muitos, " a inserção" dado que Cobb tem o trabalho de infiltrar-se na mente das pessoas para roubar ideias, essa chamada inserção é exatamente o oposto, plantar uma ideia como se essa fosse criada pelo sonhador mas que na verdade é uma ideia criada por esses viajantes de mentes. Cobb reune uma equipe para tal feito, mas contrata uma pessoa que precisa construir os cenários na mente dessa pessoa já que ele mesmo não pode fazê-lo por ter a lembrança de sua esposa viva em sua memória e atrapalhando seu lado criador, com isso a contratada é Ariadne (Paige) nome propício pois é a alcunha da amada de Teseu, na mitologia, que o guia para que este não se perca no labirinto e seja devorado pelo minotauro, o labirinto no filme é retratado logicamente pela mente de Fisher (Murphy) herdeiro de uma grande empresa de medicamentos que tem de se convencer, por intermédio da inserção tem de acreditar que essa grande empresa deve ser desmembrada para não constituir um monopólio mundial. Nós somos introduzidos às explicações juntamente com Ariadne para entendermos o universo no qual esse trabalho é possível. Com o início da empreitada eles precisam, para que a mente acredite na inserção, emergir em sonhos dentro de sonhos utilizando cada um da equipe como camada de sonho utilizando cada um respectivamente como hospedeiro naquele mundo onírico. O primeiro sonho que eles entram é o de Yusuf (Dilleep) neste eles traçam o cenário para que encontrem Fisher e façam que este acredite estar num sonho, contudo Fisher tem um treinamento contra invasores e cria agentes para resistirem contra esses invasores e nisso um dos homens da equipe Saito( Watanabe) que também contratou o serviço da inserção é ferido e se morrer ficará preso nos sonhos, pois Fisher está sobre fortes sedativos, assim Cobb se passa de agente de defesa que está lá para salvar Fisher dos intrusos em seu sonho que querem roubá-lo, com Cobb encontrando-o e enganando-o dizendo que na verdade o traidor foi seu tio que queria a empresa para si, logo mais descem a um segundo nível de sonho proporcionado agora por Arthur (Levitt)  e Fisher acredita que estão lá  para descobrirem a tramoia de seu tio, vão para uma terceira camada de sonho com Eames (Hardy) que se disfarça do tio de Fisher para enganá-lo, nesse sonho em questão eles vão para uma montanha gelada, lá eles chegam ao QG no momento em que coisas começam a acontecer nos níveis superiores do sonho, pois existe um atraso de tempo entre um sonho e outro que se multiplica a medida que se adentra mais e mais nos subconscientes, vemos que no primeiro nível de sonho Iusuf cai com a van e todos da equipe num lago e nesse meio tempo antes do choque com as águas, tantas outras coisas acontecem, já que quando todos tiverem a sensação de queda nos sonhos é a chave para se acordar, então sempre o dono do sonho tem de permancer no respectivo nível para proporcionar essa sensação de queda com uma sincronia tal que o acordar de todos os sonhos desemboque na realidade, portanto Arthur também fica em seu nível e os amarra no fosso do elevador, lembrando que a van no primeiro nível está em pleno ar com isso os efeitos físicos da gravidade fazem com que Arthur e a equipe adormecida pela segunda vez fiquem na gravidade zero. No terceiro nível eles armam explosivos para que o QG desabe provocando o kick da sensação de queda, mas Saito está para morrer nesse nível e a lembrança projetada por Cobb de sua esposa  alveja Fisher, que vai para o limbo, lugar esse que com os corpos fortemente sedados são jogados quando se morre nos sonhos, com isso Ariadne tem a ideia de mergulharem em um quarto nível de sonho, no caso o de Cobb para encontrarem Fisher e Saito para finalizarem a missão. Ao chegarem nesse nível Cobb encontra sua lembraça de Mal e nos revela que sabia da possibilidade de uma inserção pois já havia feita uma em sua esposa, visto que eles no passado haviam ficado absortos tantos anos em meio a diversas camadas de sonho que sua esposa não distinguia mais os sonhos da realidade e queria permanecer neles, por isso Cobb não vê alternativa senão inserir uma ideia impossível naquele sonho para que ela soubesse que aquilo não poderia ser a realidade, mas ao acordarem, depois de viverem tantos anos e envelhecerem juntos nos sonhos eles continuam nos seus corpos jovens e Mal parece continuar com a ideia fixa da inexistência daquela realidade negando-a. Mal trama e incrimina Cobb por sua morte e pede que este se mate com ela para que finalmente acordem, Cobb não o faz, Mal se mata e Cobb foge dos EUA e deixa seus filhos com o sogro Miles (Caine),professor de Ariadne. Depois disso Cobb permanece no limbo para achar Saito. Ariadne se joga do predio juntamente com Fisher e começa uma reação em cadeia ao acordar nos sonhos antecedentes até a realidade, Cobb então parte em busca de Saito e nos encontramos no inicio do filme mostrado com Saito já extremamente velho, pelas décadas passadas perdido no limbo sem saber que aquilo era um sonho e Cobb sugere exatamente que essa realidade que ele tem vivido é falsa e que se matassem juntos para que pudessem acordar, a única prova  para distinguir a realidade dos sonhos é através dos tótens que são objetos íntímos de cada extrator de sonhos, logo depois somos apresentados a Cobb e Saito acordando no avião que haviam feito Fisher dormir, Saito telefona e libera a passagem de Cobb nos EUA com isso este se encontra com Miles que vão juntos para casa e ele finalmente reencontra seus filhos.
Pontos específicos da trama. 
Entre os muitos questionamentos que nos fazemos no decorrer da trama o mais claro acontece no seu final, pois antes de Cobb abraçar seus filhos ele gira o tótem que permanece a girar até que ele encontra seus filhos  e o filme acaba nos deixando com multíplas interpretações já que o tótem é um pião e o filme acaba antes que ele pudesse parar de girar, portanto ele podia ter o mesmo efeito presenciado por Mal de nunca parar de girar intermitentemente, contudo há várias perguntas. Por quê Cobb usava o tótem de sua esposa e não o seu próprio? Sendo assim a possibilidade de ele estar errado sobre a realidade só aumenta. Por quê o pião do final oscila? O pião de Mal era constante e o que vemos no final bambeia em certo momento, podendo ser, assim de fato, a realidade e que Cobb realmente acordara. Cobb continua com a aliança na realidade ou somente nos sonhos? Evidenciando assim uma discrepância do que é real ou não. Michael Cane disse em entrevista que seu personagem Miles nunca aparece nos sonhos. Será? Não sabemos, visto que o conteúdo do filme todo pode ser um sonho de Cobb, pois sabemos que com a dilatação do tempo nas diversas camadas dos sonhos poderíamos ter assistido apenas um dos muitos devaneios de Cobb. 
Com essas perguntas apenas nos resta o dúbio a respeito, mas não menos interessante e espetacular sobre essa superficial análise de um filme me fez feliz por muito depois de ter saído da sala de cinema e as luzes jaziam apagadas. Uma metáfora que podemos adotar feita por Nolan é demonstrada por Cobb que diz que a coisa mais relutante é a ideia que não é superada facilmente, ou seja essa ideia representada no filme pode ser interpretada como a inquietação do ser humano e sua capacidade de criar arte, assim é uma metáfora sobre a própria insistência de Nolan em criar algo novo e original quando tantos outros (pode ser lido também Stallone) criam um mais do mesmo infinito. Veja que nem analisei os aspectos técnicos do filme que nos enche os olhos com cenas já antológicas com a dobra da cidade e a luta de Arthur com os agentes sem mencionar no, provavelmente, mais longo clímax da história do Cinema nos deixando presos à catarse dos acontecimentos por mais de 40 minutos. Filmes assim me deixam felicíssimo além de surpreso, pois os filmes de Nolan arrecadam montanhas de dinheiro, com isso encerro minha crítica sobre o melhor filme americano do ano de 2010 esperando ansiosamente por Batman 3 que promete ser mais um acontecimento único, se depender do talento de Nolan isso é uma garantia e não uma promessa. 


sábado, 2 de outubro de 2010

A importância de Machado de Assis um século depois de sua morte.

 Não! Mil vezes não! Por nenhuma razão comemorarei esta ou qualquer outra data remetendo à morte de Machado de Assis, simplesmente porque não acredito neste súbito desvario; Qual desvario? O padecer de nosso inquestionável gênio, tão isento de interrogativas quanto abundante em adjetivos. Há quem diga "não sou fã de Nelson Rodrigues e suas prosas de futebol" ou aqueles que se referem a Álvares de Azevedo como "um entre tantos outros românticos que bebiam das referências européias", porém quando qualquer alma é acometida dos colóquios, "E quanto a Machado de Assis?" estes revisam dentro de si o repertório de respostas embasadas em suas experiências com a literatura de prosa, depois de algum tempo de reflexão, ou mesmo subitamente dirão algo parecido com "Alto lá!" e o que se segue são colocações parecidas com a seguinte: 
Machado de Assis viveu e experimentou os dois grandes mundos em que nós habitamos até hoje, o da miséria e o da fartura, mais contrastados do que nunca, pois vivia em casa humilde era órfão e negro; Na era pela revolta com o fim da escravatura, o que deveria esperar como futuro, um negro que gostava das letras, tanto que conheceu a leitura sozinho antes dos dez, mas que nunca aprendeu a ter esperança nos homens? 
Ele trabalhou arduamente em diversos ramos até se tornar jornalista e escritor, contudo só conseguiu estabilidade financeira com a carreira pública, como tantos outros escritores da época. Desde os dezesseis anos demonstrava sua paixão pela literatura, no entanto somente com 42 anos se é notada sua verdadeira genialidade e a partir daí seu legado perpétuo, sabemos que somente depois de sua infância difícil e vivendo em meio a burguesia, que ele dissecaria as mazelas e pobreza do espírito humano com a mais fina ironia jamais vista no mundo todo até então. 
Muito mais do que iniciar o movimento realista no Brasil e fundar a Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, soarei ridículo agora, derrubou árvores de ignorância e semeou uma originalidade crítica, verdadeira e genuinamente brasileira. Há também pessoas que dizem que não gostam dele e não entendem a necessidade de seus escritos em vestibulares ou provas que envolvam literatura, não os mal digo por não gostarem de Machado de Assis, embora devessem revisar esta percepção algumas vezes, respeito seus gostos, ao dizerem essas afirmações, eu os desprezo unicamente pelo descaso para com um de nossos maiores exemplos de vida e concretização de sonhos, por mais adversas que possam ser as condições. O mínimo que poderiam admitir sobre Machado de Assis é em relação a sua inigualável contribuição nas artes, na descrição histórica dos costumes da época, e na propósta de algo novo, quando ele poderia ter sido simplesmente comum e propagado o romantismo, este já torpe na época, como fazem até hoje os folhetins da teledramaturgia brasileira; Não! Ele escolheu o oposto quando mais ninguém o fez, arriscando um prestígio até então já adquirido, mas que não o acomodou, e estou por dizer que o incomodou a tal ponto que tinha por si a obrigação de mostrar seu ponto de vista sobre tudo que o cercava e lhe dizia respeito. 
Encerro meu pensamento simplesmente com um sincero agradecimento a um homem que jamais haverá de morrer, portanto não celebrarei datas com relação a isso, brindo à imortalidade de Machado, agora e enquanto houver seres pensantes e sonhadores que se importem com o raro e o preponderantemente necessário.