Seguidores

sábado, 2 de outubro de 2010

A importância de Machado de Assis um século depois de sua morte.

 Não! Mil vezes não! Por nenhuma razão comemorarei esta ou qualquer outra data remetendo à morte de Machado de Assis, simplesmente porque não acredito neste súbito desvario; Qual desvario? O padecer de nosso inquestionável gênio, tão isento de interrogativas quanto abundante em adjetivos. Há quem diga "não sou fã de Nelson Rodrigues e suas prosas de futebol" ou aqueles que se referem a Álvares de Azevedo como "um entre tantos outros românticos que bebiam das referências européias", porém quando qualquer alma é acometida dos colóquios, "E quanto a Machado de Assis?" estes revisam dentro de si o repertório de respostas embasadas em suas experiências com a literatura de prosa, depois de algum tempo de reflexão, ou mesmo subitamente dirão algo parecido com "Alto lá!" e o que se segue são colocações parecidas com a seguinte: 
Machado de Assis viveu e experimentou os dois grandes mundos em que nós habitamos até hoje, o da miséria e o da fartura, mais contrastados do que nunca, pois vivia em casa humilde era órfão e negro; Na era pela revolta com o fim da escravatura, o que deveria esperar como futuro, um negro que gostava das letras, tanto que conheceu a leitura sozinho antes dos dez, mas que nunca aprendeu a ter esperança nos homens? 
Ele trabalhou arduamente em diversos ramos até se tornar jornalista e escritor, contudo só conseguiu estabilidade financeira com a carreira pública, como tantos outros escritores da época. Desde os dezesseis anos demonstrava sua paixão pela literatura, no entanto somente com 42 anos se é notada sua verdadeira genialidade e a partir daí seu legado perpétuo, sabemos que somente depois de sua infância difícil e vivendo em meio a burguesia, que ele dissecaria as mazelas e pobreza do espírito humano com a mais fina ironia jamais vista no mundo todo até então. 
Muito mais do que iniciar o movimento realista no Brasil e fundar a Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, soarei ridículo agora, derrubou árvores de ignorância e semeou uma originalidade crítica, verdadeira e genuinamente brasileira. Há também pessoas que dizem que não gostam dele e não entendem a necessidade de seus escritos em vestibulares ou provas que envolvam literatura, não os mal digo por não gostarem de Machado de Assis, embora devessem revisar esta percepção algumas vezes, respeito seus gostos, ao dizerem essas afirmações, eu os desprezo unicamente pelo descaso para com um de nossos maiores exemplos de vida e concretização de sonhos, por mais adversas que possam ser as condições. O mínimo que poderiam admitir sobre Machado de Assis é em relação a sua inigualável contribuição nas artes, na descrição histórica dos costumes da época, e na propósta de algo novo, quando ele poderia ter sido simplesmente comum e propagado o romantismo, este já torpe na época, como fazem até hoje os folhetins da teledramaturgia brasileira; Não! Ele escolheu o oposto quando mais ninguém o fez, arriscando um prestígio até então já adquirido, mas que não o acomodou, e estou por dizer que o incomodou a tal ponto que tinha por si a obrigação de mostrar seu ponto de vista sobre tudo que o cercava e lhe dizia respeito. 
Encerro meu pensamento simplesmente com um sincero agradecimento a um homem que jamais haverá de morrer, portanto não celebrarei datas com relação a isso, brindo à imortalidade de Machado, agora e enquanto houver seres pensantes e sonhadores que se importem com o raro e o preponderantemente necessário.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário