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terça-feira, 19 de outubro de 2010

O melhor e o pior de 2010 Atenção! Spoilers!!!

A origem             X                 Os mercenários


















O dualismo as vezes me persegue, em uma dessas ocasiões ocorre como o momento de transe criativo que Christopher Nolan vem passando e essa irritante mania de Hollywood de reviver os anos 80 e tudo que funcionou na época ( e que eles acreditam que funcionará 3 décadas depois). 
Pela imensidão que é Hollywood e pelo número absurdo de filmes que são produzidos por ano vemos apenas uma parcela dessa produção, parcela essa que eles escolhem a dedo visando os resultados futuros na  bilheteria, e é impressionante como os dois exemplos que tratarei aqui atingiram seus objetivos mercadológicos, mas com resultados qualitativos gritantemente diferentes. O melhor é falar do pior? Bem, vamos lá! Um dos caras que começou com essa retomada nojenta dos filmes de sucesso oitentistas foi o não menos asqueroso e inápto Michael Bay e sua produtora que começou com remakes de filmes de terror dessa fatídica década; De lá pra cá nada melhorou e o que é pior eles (os produtores sanguessugas americanos) vêem lucro nisso e insistem em misturar os roteiros batidos com tecnologias ou assuntos contemporâneos, achando que assim farão um bem a nós. E se isso não fosse o bastante Stalone ( que poderia muito bem ter saído desses filmes de horror rsrsrs) se vê no direito de reivindicar seu espaço nisso, primeiro cometendo Rambo 4, e logo depois essa monstruosidade chamada no Brasil de Os mercenários. O filme sequer tem um fiapo de história, o grande barato mesmo é Stallone recrutar um monte de atores decadentes, velhos e sem nada para fazer (tiro dessa lista Stathan e Rourke que toparam o filme mais por amizade e grana do que necessariamente o teor artístico do projeto, que foi rejeitado por Van Damme, aliás assistam JCVD é um filme curioso) para uma festinha filmada e para gastar alguns milhões num país "exótico" posando de machões poderosos transpirando testosterona, o problema é que o resultado é risível para não dizer patético. A ideia centra-se nesse grupo de mercenários que fazem serviços para governos para exterminar vilas, derrubar ditadores, se meter com o negócio dos outros e coisas assim que os EUA estão cansados de fazer, que vem até o Brasil... ops ...digo... uma ilha chamada Vilena, lá encontram um lugar governado por um ditador sanguinário financiado pelos EUA cuja filha é uma revolucionária que não aceita as ideias do pai no poder (cliché pouco é bobagem) e eu não continuarei a falar das falhas do roteiro pois vou escrever um montão sobre "A origem" ainda, o propósito principal do filme é atrair a galera que gosta dos filmes descerebrados que injetam ação até o último frame da película, pois bem, ele não consegue. Primeiro por que os efeitos especiais são tão ruins que senti vergonha alheia, principalmente das facadas e explosões. Segundo, dê papeis corretos às histórias de seus intérpretes, exemplo, Qual a lógica de ter Jet li no elenco apenas como alivio cômico e quando este participa de uma cena de ação você dá uma arma na mão dele? Terceiro, normalmente os personagens se mostram anabolizados e furiosos, aqui também, porém essas figuras outrora símbolos de virilidade hoje lembram muito senhores que jogam bocha ou dominó nos clubes e associações. O que me admira é que Stalone se presta a produzir (leia cometer) obras de tão depreciativo valor, visto que fez obras com cunho artístico muito mais esmerado outrora. É melhor não me prolongar mais já que tenho mais a ganhar ao detalhar um filme que aguça as sensações e o cérebro na mesma proporção e provocam deleite.
A origem vem como o grande blockbuster do ano, juntamente com Harry Potter, mas com alguns pontos cruciais de diferença, o primeiro deles está em seus criadores JK rowling não tem um décimo da inteligência e talento de Chris Nolan para criar personagens e enredos intrincados o suficiente para exigir do leitor ou espectador uma análise mais elaborada, segundo Harry perde muito de poder narrativo quando passado para o cinema, terceiro as criações de Nolan são extremamente genuinas e sempre inovadoras em contrapartida Rowling escreve muito mal e bebe de fontes já batidas (Senhor dos aneis).
O filme trata de um mote complexo que tende a mais desestruturação para que você consiga uma leitura inteligível, narra a história de Cobb (Di Caprio ótimo) um homem atormentado tanto pela perda de sua esposa (Cotilard) quanto a falta de seus filhos posto que ele está em exílio e não pode vê-los, sendo assim a única maneira de reencontrá-los é fazendo um trabalho creditado como impossível por muitos, " a inserção" dado que Cobb tem o trabalho de infiltrar-se na mente das pessoas para roubar ideias, essa chamada inserção é exatamente o oposto, plantar uma ideia como se essa fosse criada pelo sonhador mas que na verdade é uma ideia criada por esses viajantes de mentes. Cobb reune uma equipe para tal feito, mas contrata uma pessoa que precisa construir os cenários na mente dessa pessoa já que ele mesmo não pode fazê-lo por ter a lembrança de sua esposa viva em sua memória e atrapalhando seu lado criador, com isso a contratada é Ariadne (Paige) nome propício pois é a alcunha da amada de Teseu, na mitologia, que o guia para que este não se perca no labirinto e seja devorado pelo minotauro, o labirinto no filme é retratado logicamente pela mente de Fisher (Murphy) herdeiro de uma grande empresa de medicamentos que tem de se convencer, por intermédio da inserção tem de acreditar que essa grande empresa deve ser desmembrada para não constituir um monopólio mundial. Nós somos introduzidos às explicações juntamente com Ariadne para entendermos o universo no qual esse trabalho é possível. Com o início da empreitada eles precisam, para que a mente acredite na inserção, emergir em sonhos dentro de sonhos utilizando cada um da equipe como camada de sonho utilizando cada um respectivamente como hospedeiro naquele mundo onírico. O primeiro sonho que eles entram é o de Yusuf (Dilleep) neste eles traçam o cenário para que encontrem Fisher e façam que este acredite estar num sonho, contudo Fisher tem um treinamento contra invasores e cria agentes para resistirem contra esses invasores e nisso um dos homens da equipe Saito( Watanabe) que também contratou o serviço da inserção é ferido e se morrer ficará preso nos sonhos, pois Fisher está sobre fortes sedativos, assim Cobb se passa de agente de defesa que está lá para salvar Fisher dos intrusos em seu sonho que querem roubá-lo, com Cobb encontrando-o e enganando-o dizendo que na verdade o traidor foi seu tio que queria a empresa para si, logo mais descem a um segundo nível de sonho proporcionado agora por Arthur (Levitt)  e Fisher acredita que estão lá  para descobrirem a tramoia de seu tio, vão para uma terceira camada de sonho com Eames (Hardy) que se disfarça do tio de Fisher para enganá-lo, nesse sonho em questão eles vão para uma montanha gelada, lá eles chegam ao QG no momento em que coisas começam a acontecer nos níveis superiores do sonho, pois existe um atraso de tempo entre um sonho e outro que se multiplica a medida que se adentra mais e mais nos subconscientes, vemos que no primeiro nível de sonho Iusuf cai com a van e todos da equipe num lago e nesse meio tempo antes do choque com as águas, tantas outras coisas acontecem, já que quando todos tiverem a sensação de queda nos sonhos é a chave para se acordar, então sempre o dono do sonho tem de permancer no respectivo nível para proporcionar essa sensação de queda com uma sincronia tal que o acordar de todos os sonhos desemboque na realidade, portanto Arthur também fica em seu nível e os amarra no fosso do elevador, lembrando que a van no primeiro nível está em pleno ar com isso os efeitos físicos da gravidade fazem com que Arthur e a equipe adormecida pela segunda vez fiquem na gravidade zero. No terceiro nível eles armam explosivos para que o QG desabe provocando o kick da sensação de queda, mas Saito está para morrer nesse nível e a lembrança projetada por Cobb de sua esposa  alveja Fisher, que vai para o limbo, lugar esse que com os corpos fortemente sedados são jogados quando se morre nos sonhos, com isso Ariadne tem a ideia de mergulharem em um quarto nível de sonho, no caso o de Cobb para encontrarem Fisher e Saito para finalizarem a missão. Ao chegarem nesse nível Cobb encontra sua lembraça de Mal e nos revela que sabia da possibilidade de uma inserção pois já havia feita uma em sua esposa, visto que eles no passado haviam ficado absortos tantos anos em meio a diversas camadas de sonho que sua esposa não distinguia mais os sonhos da realidade e queria permanecer neles, por isso Cobb não vê alternativa senão inserir uma ideia impossível naquele sonho para que ela soubesse que aquilo não poderia ser a realidade, mas ao acordarem, depois de viverem tantos anos e envelhecerem juntos nos sonhos eles continuam nos seus corpos jovens e Mal parece continuar com a ideia fixa da inexistência daquela realidade negando-a. Mal trama e incrimina Cobb por sua morte e pede que este se mate com ela para que finalmente acordem, Cobb não o faz, Mal se mata e Cobb foge dos EUA e deixa seus filhos com o sogro Miles (Caine),professor de Ariadne. Depois disso Cobb permanece no limbo para achar Saito. Ariadne se joga do predio juntamente com Fisher e começa uma reação em cadeia ao acordar nos sonhos antecedentes até a realidade, Cobb então parte em busca de Saito e nos encontramos no inicio do filme mostrado com Saito já extremamente velho, pelas décadas passadas perdido no limbo sem saber que aquilo era um sonho e Cobb sugere exatamente que essa realidade que ele tem vivido é falsa e que se matassem juntos para que pudessem acordar, a única prova  para distinguir a realidade dos sonhos é através dos tótens que são objetos íntímos de cada extrator de sonhos, logo depois somos apresentados a Cobb e Saito acordando no avião que haviam feito Fisher dormir, Saito telefona e libera a passagem de Cobb nos EUA com isso este se encontra com Miles que vão juntos para casa e ele finalmente reencontra seus filhos.
Pontos específicos da trama. 
Entre os muitos questionamentos que nos fazemos no decorrer da trama o mais claro acontece no seu final, pois antes de Cobb abraçar seus filhos ele gira o tótem que permanece a girar até que ele encontra seus filhos  e o filme acaba nos deixando com multíplas interpretações já que o tótem é um pião e o filme acaba antes que ele pudesse parar de girar, portanto ele podia ter o mesmo efeito presenciado por Mal de nunca parar de girar intermitentemente, contudo há várias perguntas. Por quê Cobb usava o tótem de sua esposa e não o seu próprio? Sendo assim a possibilidade de ele estar errado sobre a realidade só aumenta. Por quê o pião do final oscila? O pião de Mal era constante e o que vemos no final bambeia em certo momento, podendo ser, assim de fato, a realidade e que Cobb realmente acordara. Cobb continua com a aliança na realidade ou somente nos sonhos? Evidenciando assim uma discrepância do que é real ou não. Michael Cane disse em entrevista que seu personagem Miles nunca aparece nos sonhos. Será? Não sabemos, visto que o conteúdo do filme todo pode ser um sonho de Cobb, pois sabemos que com a dilatação do tempo nas diversas camadas dos sonhos poderíamos ter assistido apenas um dos muitos devaneios de Cobb. 
Com essas perguntas apenas nos resta o dúbio a respeito, mas não menos interessante e espetacular sobre essa superficial análise de um filme me fez feliz por muito depois de ter saído da sala de cinema e as luzes jaziam apagadas. Uma metáfora que podemos adotar feita por Nolan é demonstrada por Cobb que diz que a coisa mais relutante é a ideia que não é superada facilmente, ou seja essa ideia representada no filme pode ser interpretada como a inquietação do ser humano e sua capacidade de criar arte, assim é uma metáfora sobre a própria insistência de Nolan em criar algo novo e original quando tantos outros (pode ser lido também Stallone) criam um mais do mesmo infinito. Veja que nem analisei os aspectos técnicos do filme que nos enche os olhos com cenas já antológicas com a dobra da cidade e a luta de Arthur com os agentes sem mencionar no, provavelmente, mais longo clímax da história do Cinema nos deixando presos à catarse dos acontecimentos por mais de 40 minutos. Filmes assim me deixam felicíssimo além de surpreso, pois os filmes de Nolan arrecadam montanhas de dinheiro, com isso encerro minha crítica sobre o melhor filme americano do ano de 2010 esperando ansiosamente por Batman 3 que promete ser mais um acontecimento único, se depender do talento de Nolan isso é uma garantia e não uma promessa. 


5 comentários:

  1. Eh, meu brother. Realmente gostei do que li. Nao tinha tido tempo de ler seu blog, mas hj resolvi dar uma passada aqui e ver o que o grande Master havia escrito sobre o que subjaz no mundo da 7 arte. Tenho, portanto, que admitir que - depois de ter lido sua analise - me veio um grande interesse em ver o filme 'A Origem', que alias tive muita vontade de ver motivado pelo trailler, mas nao consegui ver no cinema. Ah, e como sou 'crica' ao extremo, me arrisco a dizer que ninhum dos 'superstars' da patifaria do filme 'Os mercenarios' se salva, mas...
    Abs.

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  2. eae, malandro?
    tenho de dizer que discordo em alguns pontos. acho rambo 4 retoma uma analise sobre a américa que começou no primeiro rambo e se perdeu nos dois outros filmes, mas que está muito bem posto nesse ultimo. stallone é fudido quando quer.quanto a origem eu não vi tantas coisas assim, achei um ótimo blóquibuster. prefiro muito mais cavaleiro das trevas, ou matrix, pra entrar no mérito dos mistérios de filme..rsrs

    abraços,
    precisamos nos encontrar pra discutirmos nossas divergencias, seu canalha.
    me liga pra marcarmos um dia de tomarmos uma fanta uva na minha casa.

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  3. jah faz alguns anos q poucos filmes me fazem sair do cinema com essa sensação de satisfação. Felizmente a origem é um deles, concordo com vc. Boa dica de filme, vou obrigar o Hendel a assisti-lo hj mesmo!

    Erika.

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  4. Post ótimo! Li muitas coisas sobre o filme, nada é realmente certo, mas a idéia plantada na mente de todo mundo é atormentadora, não? A idéia para mim é que sim, aquilo era a realidade. O anel que some na realidade, e aparece nos sonhos, os filhos que já cresceram, as roupas das crianças são diferentes (ahá, pegadinha!), o totem que deve ser único e de apenas uma pessoa (e ficou claro que o totem era da Mal), o peão oscilando, todas as cenas da realidade o peão oscilou/caiu, nas cenas dos sonhos ele sempre foi constante. Cada um se apega aos detalhes que deseja acreditar... para mim explica que sim, ele acordou na realidade.

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